Em todo ser há um conjunto de coisas que podem mudar, como o tamanho, a cor, o peso, o sabor, etc., e um substrato-permanente que, conservan¬do-se sempre o mesmo, caracteriza o ser, que não muda. Esse substrato é chamado substância, essência ou natureza do ser. Em qualquer pedaço de pão, há coisas mutáveis: a cor, tamanho, gosto, o sabor, a posição, sem que a subs¬tância que as sustenta mude; esta substância ninguém vê; mas é uma realidade. Assim, há homens de cores diferentes, feições diferentes, etc; mas todos possuem uma mesma substância: uma alma humana imortal, que se nota pelas suas faculdades que os animais não tem: inteligência, liberdade, vontade, consciência, psique, etc.Quando as palavras da consagração são pronunciadas sobre o pão, a substância deste se muda ou converte totalmente em substância do corpo humano de Jesus (donde o nome "transubstanciação"), ficando, porém, os acidentes externos (aparências) do pão (gosto, cor, cheiro, sabor, tamanho, etc.); sendo assim, sem mudar de aparência, o pão consagrado já não é pão, mas é substancialmente o corpo de Cristo. O mesmo se dá com o vinho; ao serem pronunciadas sobre ele as palavras da consa¬gração; sua substância se converte na do sangue do Senhor, pelo poder da intervenção da Onipotência divina. Isto explica como o corpo de Cristo pode estar simultaneamente presente em diversas hóstias consagradas e em vários lugares ao mesmo tempo. Jesus não está presente na Eucaristia segundo as suas aparências, como o tamanho ou a localização no espaço. Uma vez que os fragmentos de pão se multiplicam com a sua localização própria no espaço, assim onde quer que haja um pedaço de pão consagrado, pode estar de fato o corpo eucarístico de Cristo. Uma comparação: quando você olha para um espelho, aí você vê a imagem do seu rosto inteiro; se quebrá-lo em duas ou mais partes, a sua imagem não se quebrará com o espelho, mas continuará uma imagem inteira em cada pedaço. É preciso, então, entender que a presença de Cristo eucarístico pode se multiplicar, sem que o Corpo de Cristo se multiplique. Isto faz que a presença do Cristo eucarístico se possa multiplicar (sem que o corpo de Cristo se multiplique), se forem multiplicados os fragmentos de pão consagrados nos mais diversos lugares da Terra. Não há bilocação nem multilocação do corpo de Cristo.O corpo de Cristo sob os acidentes do pão não tem extensão nem quantidade próprias; assim não se pode dizer que a tal fragmento da hóstia corresponda tal parte do corpo de Cristo. Quando o pão consagrado é partido, só se parte a quantidade do pão, não o corpo de Jesus.Assim muitas hóstias e muitos fragmentos de hóstia não constitu¬em muitos Cristos - o que seria absurdo , mas muitas "presenças" de um só e mesmo Cristo. Analogamente a multiplicação dos espelhos não multiplica o objeto original, mas multiplica a presença desse objeto; também a multiplicação dos ouvintes de uma sinfonia não multiplica essa sinfonia, mas apenas a presença da mesma.Por essas razões, quando se deteriora o pão eucarístico por efeito do tempo, da digestão, ou de um outro agente corruptor, o que se estraga são apenas os acidentes do pão: quantidade, cor, figura... , e neste caso o corpo de Cristo deixa de estar presente sob os véus eucarísticos; isto porque Cristo quis que nas espécies ou nas aparências de pão e vinho, que Cristo quis garantir a sua presença sacra¬mental, e não nas de algum outro corpo. A fé católica ensina uma conversão total e absoluta da substância do pão na do corpo de Cristo; o Concílio de Trento rejeitou a doutrina de Lutero, que admitia a “empanação” de Cristo: empanação, segundo a qual permaneceriam a substância do pão e a do vinho junto com a do corpo e a do sangue de Cristo; o pão continuaria a ser real¬mente pão (e não apenas segundo as aparências), o vinho continuaria a ser realmente vinho (e não apenas segundo as aparências), de tal sorte que o corpo de Cristo estaria como que “revestido” de pão e vinho. Para o Concílio de Trento e, para a fé católica, esse tipo de presença de Cristo na Eucaristia é insuficiente; é preciso dizer que o pão e o vinho, em sua realidade íntima (substância), deixam de ser pão e vinho para se tornar a realidade mesma do corpo e do sangue de Cristo.Assim como na criação acontece o surgimento de todo o ser, também na Eucaristia há a conversão de todo o ser. Esta “conversão de todo o ser” é “conversão de toda a substância” ou “transubstanciação”.Assim como só Deus pode criar (tirar um ser do nada), só Deus pode “transubstanciar”; ambas as atividade supõem um poder infinito que só Deus tem.Para entender um pouco melhor o milagre da Transubstanciação podemos dizer ainda o seguinte: No milagre da multiplicação dos pães, Jesus mudou apenas a espécie do pão (no caso a quantidade), mas não mudou a sua natureza, continuou sendo pão. Quando Ele fez o milagre das Bodas de Caná, mudou a natureza da água (passou a ser vinho) e mudou também a sua espécie (cor, sabor, etc); no milagre da Transubstanciação, Jesus muda apenas a natureza do pão e do vinho (passam a ser seu Corpo e Sangue) sem mudar a espécie (cor, sabor,cheiro, tamanho, etc.)Tudo por amor a nós; Ele, o Rei do universo, se faz pequeno, humilde, indefeso... nas espécies sagradas do pão e do vinho, para ser nosso alimento, companheiro, modelo, exemplo, força, consolação...
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário